18 de abril de 2013

Capítulo 5 - Aluno Novo (Seu Olhar - Primeira Temporada)




Capítulo 5 - Aluno Novo

De repente eu senti minha cabeça girando e meu estomago se revirando, se braços frios não tivessem me pegado, eu tinha desabado no chão. Edward – não tinha como não reconhecer o seu toque – me pegou em seus braços, me mantendo aninhada ao seu corpo. Tremi, mas não por causa do frio de seu corpo, mas porque sentia olhos queimando em minhas costas, e eu sabia muito bem de onde vinha esse olhar. Fechei os olhos com força, me forçando a não pensar em quem quer que estivesse me olhando e coloquei minha cabeça na curva do pescoço de Edward, e fiquei assim até que senti que já estávamos do lado de fora da escola. O vento frio e úmido balançaram meu cabelo solto, fazendo com que alguns fios fossem parar na minha cara. Consegui respirar melhor agora, pois finalmente me vi livre do cheiro insuportável de sangue.

- Acho que já posso andar – sussurrei contra seu pescoço.
- Já estamos chegando ao meu carro – sussurrou de volta e menos de 30 segundos depois ele estava abrindo a porta de seu carro pra mim. Ele me colocou delicadamente sentada no banco do passageiro e depois foi para o banco de motorista – Está com frio? – perguntou depois de entrar e ligando o aquecedor. Eu nada falei. Na verdade achava difícil falar alguma coisa agora. Eu sentia minha garganta seca e mesmo agora, com Edward ao meu lado e eu segura dentro de seu carro, ainda conseguia sentir aqueles olhos em mim.
- A gente pode sair daqui? – perguntei tentando ao máximo não demonstrar o meu desespero. Edward só confirmou com a cabeça e deu a partida no carro.
Fomos o caminho todo em silencio. Eu não conseguia pensar nada que não fosse aquele cara encapuzado do outro lado da sala. Seria possível que ele fosse o assassino de Michelle? Não seja estúpida Isabella! Com certeza era só outro aluno fantasiado.Falei mentalmente pra mim mesma. Mas porque então essa sensação não saia do meu peito? A mesma sensação que eu senti no dia que meus pais foram mortos... Oh meu Deus! Arfei com o pensamento que me veio. Será que... Não! Não me permitiria pensar nisso! Era só um aluno e pronto. A tentativa de me convencer foi em vão, pois a duvida de que aquele cara pudesse ser o assassino dos meus pais continuava em minha cabeça. Assassino dos meus pais... Há tanto tempo eu já tinha me convencido que o que eu vi naquele dia foi só fruto da minha imaginação e agora aparecia esse homem de capuz para bagunçar ainda mais a minha cabeça. E se ainda não fosse o suficiente, havia a tal senhora desconhecida que me falou aquelas coisas... Quem era ela? E o que quis dizer com aquilo? Era a única coisa que eu queria saber. Fui tirada dos meus pensamentos, com Edward parando na frente da minha casa. Perai! Como ele sabia onde eu morava?
- Você está bem? – perguntou preocupado. Demorei um tempo pra responder, pois nem eu sabia essa resposta.
- Eu a conhecia... – sussurrei com a voz embargada, mas as lágrimas que deveriam rolar, não vieram – Eu falei com ela, eu... Eu... – não consegui terminar, mesmo não tendo lágrimas rolando, eu chorava por dentro. Meu peito doía e minha garganta parecia seca. Eu queria tanto chorar, expressar minha tristeza, mas eu não conseguia, era como se eu tivesse me transformado em pedra.
- Eu sinto muito – sussurrou me olhando com... Pena? Olhei-o pela primeira vez desde que ele me deixou no meio da pista. Sua cara não era de quem estava triste ou perturbado pela cena vista minutos atrás, mas de tensão, como se alguma coisa não tivesse saído certo.
- Você não parece perturbado com isso – acusei.
- Não é a primeira morte que eu vejo – falou desviando o olhar do meu e olhando pra rua escura e deserta.
- Não é a minha também, mas... – não consegui termina. Essa conversa estava me fazendo ter lembranças da morte dos meus pais e não era isso que eu queria no momento.
- Os seus pais, não é? – perguntou delicadamente. Foi impossível não bufar com isso. É claro que ele sabia dos meus pais, todos nessa cidade sabiam. Uma semana depois de chegar a Forks, todos já sabiam da morte dos meus pais e como terrivelmente eles morreram.
- É – respondi amargurada e dei a resposta publica da história – Ataque de animal.
- Eu sinto muito – repetiu sincero. Desviei a cara. Não queria que ele visse o quanto aquilo ainda me machucava, na verdade sempre me machucaria, meu coração sempre estaria marcado pela morte dos meus pais. Sem que eu conseguisse evitar, uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
- A gente se ver depois Edward – falei com a voz embargada e saindo do carro, sem olhá-lo. Corri descalça pela calçada de minha casa. A neve no chão fazia meus pés doerem de frio, mas não me importei, pois a dor nos pés não se comparava a dor no meu coração. Entrei em casa tremendo, sem perceber se Edward ainda estava lá, ou não.
- Bella? – ouvi a voz de Kate lá de cima.
- So-Sou eu – falei tremendo, finalmente me dando conta do quanto estava frio.
- Por Deus, você esta congelando! – exclamou assustada me arrastando pra sala, me colocando sentada no sofá e me cobrindo com um lençol grosso que lá tinha – O que houve? Por que chegou tão cedo? E por que esta assim?
Era tantas perguntas que era até difícil me concentrar. A imagem de Michelle morta não saia da minha cabeça, de seu corpo estirado no chão só sangue, a imagem do homem encapuzado, com sangue nos lábios... Solucei quando me lembrei disso, e só ai fui perceber que finalmente tinha deixado as lágrimas rolarem. Kate me olhava assustada, não entendendo nada, e eu realmente não queria que ela entendesse, só queria que ela me ajudasse a me livrar desse medo que estava impregnado no meu peito.
- Bella? – perguntou assustada, eu nada disse, só lhe abracei e chorei. Chorei por tudo o que tinha acontecido, por Michelle, por meus pais. Não era mais Isabella a adolescente, que estava chorando em seus braços, mas sim Bella a garota assustada que perdeu os pais cedo. Ela me pedia para explicar o que estava acontecendo, mas eu só fazia soluçar e chorar. Fiquei assim por minutos, ou quem sabe horas, só sei que uma hora já estava cansada o suficiente para as lágrimas cessarem e eu cai na inconsciência.
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Aquele foi um dos finais de semana mais difíceis da minha vida. Não pela morte de Michelle em si, mas o que a morte dela me fez reviver. Me fez lembrar de quando eu perdi os meus pais, da sensação de ter metade do meu coração arrancado. Eu só saia do quarto para comer e ir ao banheiro. O que explicou a minha cara amassada na segunda. Agora estava no meu quarto, me preparando para ir para escola. Na noite anterior, Jéssica havia me ligado falando que todos na escola iriam de preto, em homenagem a Michelle. Não que eu ache particularmente uma homenagem, pra mim é só uma forma de respeito com sua morte. Eu não quis saber mais do que o necessário sobre a morte dela. Só sabia que ela tinha caído do telhado da quadra e quebrado quase todos os ossos, mas isso não explicava o sangramento no pescoço, peito e barriga, muito menos a sua meia calça rasgada. Alguns especularam que ela tenha sido estuprada, eu resolvi ignorar essa parte, a sua morte já era ruim por si só.
Balancei a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos e sai do quarto, indo em direção ao andar de baixo.
- Bom dia! – cumprimentei Kate e Garrett quando cheguei à cozinha. Garrett tinha ficado aqui em casa desde sábado, disse que com um assassino a solta, nós precisaríamos de segurança. Revirei os olhos quando ele disse isso, quem atacaria eu e Kate?
- Bom dia! – falaram os dois juntos. Kate estava tomando café, enquanto Garrett simplesmente lia um jornal. Às vezes em pensava que ele não tinha estomago, pois durante todos esses meses que estamos aqui, eu nunca o vi comer mais do que uma migalha de pão.
- Você esta bem para ir à aula hoje? – perguntou Kate preocupada, depois que eu me sentei para comer o meu cereal.
- Não foi um membro da minha família que morreu Kate – falei mau humorada olhando para o meu cereal, mas logo que eu fiz isso, me arrependi. Ela só estava preocupada comigo, não tinha culpa alguma de eu ter acordado de mau humor – Desculpa, é que... Eu ainda to meio assustada com tudo isso.
- Não precisa se desculpa Bella, é normal que você esteja assim – falou sorrindo docemente pra mim. Eu não respondi nada, só fiquei comendo o meu cereal. Depois que acabei de tomar meu café da manhã, lavei minha louça e me despedir deles, saindo de casa.
Cheguei à escola rapidamente. Hoje não estava aquele burburinho que sempre tem do estacionamento, na verdade todos estavam bem pra baixo hoje. Todos vestindo roupas com tons escuros, que deprimem até a mais feliz criança. Suspirei, sabendo que era isso que eu teria que enfrentar. Sai do carro, andando de cabeça baixa até a entrada da escola, mas antes que eu pudesse chegar lá, meu corpo se chocou com uma coisa dura e fria. Antes de abrir os olhos, pensei que até fosse Edward de novo, por causa do toque, mas assim que abri os olhos, vi que se tratava de alguém completamente diferente. Ele era bem alto, tinha cabelos extremamente pretos, o que causava um belo contraste com sua pele branca, tinha olhos negros como o fundo de um poço, e nos lábios carregava um sorriso zombeteiro. Eu já vi esse sorriso. Pensei, só não sabia aonde havia visto.
- Perdoe-me, não tinha lhe visto – falou com um estranho sotaque, soltando meu braço, que ele tinha segurada para eu não cair.
 - Não, é eu que peço desculpas – falei corando, agora saber o porque de eu está corando, eu não sei. Ficamos nos encarando por um tempo, eu realmente não sabia o que dizer, até porque, minha experiência com garotos era zero – Você é novo aqui?
- Sou, comecei hoje – explicou.
- Desculpa, mas de onde você veio? É porque você tem um sotaque estranho – falei corando mais ainda por esta sendo tão intrometida.
- Vim da Itália, meus pais resolveram viajar e me mandaram pra cá.
- Eu sinto muito...
- Não, tudo bem, até é um pouco legal ser emancipado – respondeu dando uma risada misteriosa. Não sei por que, mas senti que havia muito mais por trás desse riso.
- Bom, bem vindo a escola – falei começando a me afastar – Foi bom conhecer você – disse e me virei, não sei porque, mas ficar perto desse garoto me dava um certo calafrio. Já estava a uma bela distancia, quando ele segurou meu braço de novo.
- Desculpa, mas qual é o seu nome? – perguntou.
- Isabella, mas pode me chamar de Bella.
- Bella... – repetiu sorrindo – Prazer, Damon – só assenti com a cabeça e comecei a me afastar de novo. Não sei por que, mas esse Damon não me parecia ser uma pessoa das mais confiáveis. Que isso Bella! Pensei. Nunca fui de julgar as pessoas, e não é agora que eu ia começar. É isso ai, quando eu tivesse oportunidade, iria conversa com ele melhor, até porque ele não tinha culpa de eu esta sendo tão mal educada hoje.
Já estava pra chegar a minha sala, quando Jéssica apareceu ao meu lado, toda de preto, como óculos escuros no rosto e de cabeça baixa. Jess conhecia Michelle mais do que eu, tinham sido criadas praticamente juntas, era normal que ela estivesse sofrendo com aquilo. Eu não era boa em conforta as pessoas, então simplesmente lhe abracei, tentando colar todo o meu pesar nessa ação. Entramos na sala assim, abraçadas. E como no resto da escola, a sala estava extremamente silenciosa. Algumas garotas que eram mais amigas de Michelle choravam juntas no final da sala. Eu de certa maneira me sentia mal lá, é claro que fiquei triste com a sua morte, mas não compartilhava essa dor, por isso, em respeito a todos, em especial a Jéssica, me manti em silencio. E foi nesse completo silencio que o dia passou, nos corredores, quando era a troca de aulas, ninguém falava nada. Na frente do armário de Michelle, os alunos e professores haviam feito um memorial. A frente do seu armário estava coberta por flores, fotos e presentes que os amigos haviam lhe deixado. Se eu soubesse que haveria isso, teria trazido alguma coisa, apesar de não saber o que realmente trazer.
Agora eu estava na ultima aula, antes do sinal do intervalo tocar. Essa era uma das aulas que eu não tinha com Jéssica, o que não era tão ruim até eu ver que o novato (Damon) também tinha essa aula. Ele ficou no lugar mais afastado da sala, mas mesmo de lá, eu o sentia me mandando olhares, o que me fez ter aqueles mesmos calafrios de antes. Fiquei feliz quando a campa soou, sai rapidamente da sala, queria ver como Jéssica estava, mas no momento em que eu pus o pé para fora da sala, Edward apareceu na minha frente. Sua aparição foi tão de supetão, que cheguei arfa de surpresa. Não tinha falado com ele desde aquele dia no baile, não que eu esperasse que ele me liga-se, afinal ele só tinha me dado uma carona, mais o fato de ele ter admitido que sentiu ciúmes de mim... Bom, de certa forma fez essa paixão que eu sinto por ele aumentar mais.
- Oi – cumprimentei timidamente, mas ele não estava olhando pra mim, e sim para um ponto atrás de mim, me virei pra saber o que ele via, quando vi que Damon me encarava, com aquele mesmo sorriso zombeteiro nos lábios. Voltei minha cara para Edward, o olhando constrangida, agora eu não sabia por quê.
- Você está bem? – perguntou ainda sem me encarar.
- Estou – respondi – E você?
- Bem! – falou. Juro que já estava me dando raiva o fato de ele esta conversando comigo, mas não esta me encarando.
- Então... – falei esperando que ele dissesse alguma coisa.
- Quer ir almoça comigo? – falou finalmente me olhando. Tenho que admitir que seu pedido me pegou de surpresa, mas também me deixou feliz. E pela primeira vez naquele dia, eu sorri.
- Claro.
Ele não respondeu nada, só começou a andar em direção ao refeitório, comigo ao seu lado. Não falamos nada por todo o caminho e de certa maneira, eu não sabia o que dizer. Quando já estávamos entrando no refeitório, vi Jay saindo, e foi impossível não chamar por ele. Tentei falar com ele o final de semana todo, mas Jay nunca me atendia, o que me deixava mais envergonhada e culpada pelo que tinha acontecido.
- Ei! – falei parando em sua frente. Edward tinha permanecido atrás de mim, o que eu agradeci.
- Oi – respondeu desanimado abaixando a cabeça. Essa sua ação me trousse as imagens da nossa “briga” na festa, o que fez meu coração aperta um pouco.
- Eu tentei falar com você, mas você não atendia o celular... – comecei.
- É, eu sei, é que... Foi um final de semana cheio – explicou.
- Eu queria pedir desculpas por aquele dia, eu realmente sinto muito!
- Tudo bem, não foi nada – falou levantando a cabeça e olhando para trás de mim, provavelmente vendo o Edward – A gente se vê por ai – disse e saiu.
Fiquei um tempo parada, o vendo ir embora, quando senti Edward parando ao meu lado.
- Tudo bem? – perguntou de novo.
- Não! – exclamei – Ele me odeia.
- Ele não te odeia... – falou convicto – Ele me odeia!
- Como você pode ter certeza disso?
- Vai por mim, eu sei – falou e pelo primeira vez desde que ele me convidou para almoçar, sorriu, um sorriso que fez meu coração perde uma batida.
Fomos em direção a fila do lanche, para pegarmos nossa comida. Edward pegou sua bandeja e quando fiz menção de pegar a minha, ele me parou, falando que só uma bastava. Na bandeja ele colocou uma fatia de pizza, uma maçã e duas cocas, pagou e me dirigiu a uma mesa vazia, no final do refeitório.
- Você come muito pouco sabia? – falei abrindo uma coca e apontando para a bandeja, onde só tinha aquilo de comida.
- É para você, eu não vou comer – explicou.
- Como assim não vai comer? Não esta com fome?
- Eu não como – falou simplesmente. Olhei pra ele com o cenho franzido, falando pra mim mesma que ele só estava brincando. Abaixei a cabeça, olhando para a minha lata de coca. E de novo ficamos naquele silencio infernal. Eu encarando a lata, e ele me encarando. Suspirei com isso.
- Eu vi você conversando com o aluno novo – falou de repente me pegando de surpresa com a sua forma direta de falar.
- É, ele... Parece legal – falei, mas até eu ouvi a mentira em minha voz.
- Ele te fez alguma coisa? – perguntou parecendo nervoso.
- Oh não... – tratei logo de explicar – É que eu não o conheço bem, sabe? Então não posso dizer se ele é legal ou não.
- Fica longe dele, tá?
- Por quê?
- Vai por mim Bella, você não vai querer ficar perto dele – falou olhando diretamente nos meus olhos, como se quisesse me convencer daquilo – Promete que vai ficar longe dele.
- Eu... Prometo – falei, até porque era um pouco difícil negar alguma coisa pra ele quando ele me olhava assim. Ficamos um tempo olhando um para o outro, até que de repente seu rosto foi tomado por uma mascara de dor, e ele desviou a cara. Eu só fiz abaixar a cabeça, um tanto constrangida com aquele nosso momento. Ficamos um tempo em silencio de novo, até que Deus sabe onde, a voz de Jéssica veio em minha cabeça... “Pra você conquistar um garoto, você tem que tomar as rédeas da situação, ou seja, tomar a iniciativa...” Tomar a iniciativa, repetir mentalmente. Era isso, se eu quisesse que Edward olha-se pra mim, eu teria que tomar a iniciativa, e com medo que eu perdesse a minha coragem, perguntei – O que você vai fazer sexta à noite?
- Como? – ele pareceu surpreso com a minha pergunta, tanto que seu olhar de dor de antes, foi substituído por curiosidade.
- É que sebe... A gente já é amigo agora, né? – falei um tanto tímida, ficando mais vermelha do que tomate.
- Sim – falou como se tivesse segurando a risada, e Deus como ele ficava lindo assim.
- Então, já que somos amigos, poderíamos sair juntos, certo? – perguntei torcendo as mãos debaixo da mesa.
- Humm... – fez parecendo pensar – Eu não sei, normalmente os únicos amigos que eu tenho são os meus irmãos.
- Ah... – falei um pouco feliz por esta sabendo alguma coisa sobre sua vida, mesmo que tenha sido só isso – Bom, Jéssica falou que amigos saem juntos, tipo, pra se divertir.
- O que você tem em mente? – perguntou com aquele sorriso torto que sempre me derretia.
- Cinema? – minha duvida fez a resposta sair como pergunta.
- Cinema... – repetiu olhando para cima, como se estivesse se decidindo, e num ato totalmente infantil, cruzei os dedos da mão direita, torcendo para que ele aceitasse. Ele pensou mais um pouco antes de responder – Tudo bem!
- Sério? – falei não acreditando.
- Sim, que tal as sete?
- Perfeito – falei sorrindo, o que o fez sorri também.
- Bem, agora eu acho melhor você lanchar, pois a campa já vai tocar – falou me estendendo a fatia de pizza, a qual eu peguei sem discutir. Comia com um sorriso no rosto, e mesmo que eu tentasse ele não saia. Ele tinha aceitado! Pensei alegremente. Pelo menos uma coisa boa havia acontecido naquele triste dia.
A campa soou no momento em que eu tinha acabado a pizza. Me levantei e perguntei se ele vinha, já que continuava sentado no mesmo lugar.
- Daqui a pouco, tenho que ir a um lugar primeiro – respondeu, eu só fiz confirma com a cabeça e ir pra minha sala.
E esperei, esperei, esperei até depois que o professor tinha entrado na sala, mas Edward não apareceu. Onde ele estaria? Era a única coisa que eu queria saber. Não seja estúpida Isabella! Gritei mentalmente, isso não é da sua conta! Falei pra mim mesma. Não era porque ele tinha aceitado sair comigo, que eu tinha o direito de me meter em sua vida. É isso ai, eu pararia de me meter na vida dele, afinal só agora tínhamos virado amigos, ainda não tinha esse direito. Fui tirada dos meus pensamentos com a campa tocando, informando o fim de mais um dia de aula. No lado de fora da sala, Jéssica já me esperava para irmos juntas.
- Oi – falei – Eu ia ver você no intervalo, mas Edward me chamou para almoçar com ele.
- Tudo bem, eu vi – falou dando um sorriso triste. Eu queria lhe contar sobre o encontro, mas esse não era o momento certo.
- Você tá bem? – perguntei começando a andar.
- To, ainda é um pouco difícil, mas eu estou bem – falou levantando a cabeça e dando um sorriso mais normal dessa vez – Todos vão pra praia hoje de noite.
- Hoje? – perguntei surpresa.
- É, vai ser tipo uma despedida pra Michelle, a gente vai fazer uma fogueira e tal... Você vai? – perguntou, nessa hora já estávamos fora da escola e alguns pingos de chuva molhavam nossos cabelos.
- Eu não sei Jess... – falei um tanto desconfortável.
- Por quê?
- Eu não conhecia ela muito bem, não sei se minha presença lá é certo – expliquei.
- Você também sofreu com a morte dela, de um jeito diferente, mas sofreu, merece esta lá tanto quanto nós – falou convicta. Fiquei olhando pro seu rosto por um tempo indecisa – Vamos Bella, por mim.
- Ok! – falei depois de um tempo pensando – Eu vou. Em que praia é?
- La Push – falou simplesmente. Ainda não tinha ido a La Push, mas diziam que a praia era linda, um tanto fria, como sempre é aqui, mas linda.
- Ta bem, as sete eu to lá – prometi.
- Obrigada – falou me abraçando e depois se afastando, dizendo que tinha que ir para casa preparar o jantar. Nos despedimos e fui para o meu carro. Mas antes que eu entrasse, senti aquele mesmo calafrio de antes. Me virei e encontrei os olhos de Damon em mim novamente. E um pensamento um tanto estranho veio em minha cabeça...
Perigo! Era o que seus olhos negros gritavam.
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Depois de jantar com Kate me arrumei e fui para praia. Quando cheguei lá, avistei um monte de carros e uma pequena fogueira, estacionei o carro e fui andando até lá. Por onde ia passando, ia cumprimentado as pessoas, ou pelo menos as que eu conhecia. Sentada perto da fogueira estava Jéssica, fui lá e me sentei a seu lado.
- Pensei que não viesse – falou depois que nos abraçamos.
- Eu disse que viria – falei e ela me estendeu um graveto, onde na ponta havia um machimelo. Coloquei no fogo e começamos a conversa. Ficamos conversando por uma hora, até que eu decidir levantar para esticar as pernas, ela resolveu ficar sentada, eu disse que tudo bem e fui andar um pouco pela praia.
Ele era realmente linda, à noite então... Como aqui havia pouca luz, dava para se enxerga perfeitamente as estrelas e isso fez me lembrar de meu pai. Ele falava que cada estrela representava alguém que havia partido, e que se um dia ele fosse embora, ele seria a estrela mais brilhante, então desde sua morte procurava as duas estrelas mais brilhantes, uma que representava ele e a outra que representava a minha mãe.
- Me desculpem... – sussurrei olhando pro céu – É tudo minha culpa... – falei com a voz embargada, mas nenhuma lágrima rolava – Eu jamais deveria ter pedido pra vocês irem à floresta – falei e finalmente uma lágrima rolou e quando eu já estava preparada pra deixar mais algumas rolarem, uma mão extremamente branca apareceu na minha frente, me estendendo um lenço.
- Dia difícil? – a voz de Damon falou ao meu lado.
- Não mais que o normal... – falei aceitando o lenço e enxugando meus olhos – Obrigada.
- Não por isso – falou e depois ficamos em silencio de novo – Aquela ali... – apontou para o céu – A mais brilhante se chama Sírius, ela é a estrela mais brilhante no céu noturno, visível na constelação de Cão Maior.
- Você parece saber muito sobre as estrelas – comentei.
- Tenho muito tempo de estudo... – falou me olhando diretamente, com aquele mesmo sorriso de antes. E de novo senti aquele calafrio de medo.
- Acho melhor eu ir – falei apressadamente.
- Você está com medo? – perguntou, parecendo se divertir com isso.
- Não – falei, mas até eu sabia que era mentira.
- Eu te dou medo? – falou chegando mais perto de mim, e eu como estava assustada, não consegui mover um músculo.
- Nã-Não – gaguejei por causa do medo.
- Eu vi que você é muito próxima ao Cullen... – disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Tremi quando sua pele fria tocou na minha – Ele não é um cara legal, sabia?
- Engraçado, ele falou a mesma coisa sobre você – falei com uma coragem até então desconhecida por mim.
- É, mas no meu caso, ele esta mais certo do que imagina... – falou e seu rosto foi se aproximando do meu e antes que pensasse mais, levantei minha mão direita, pronta para lhe da um tapa, mas ele foi mais rápido e segurou meu pulso.
- Me solta – grunhi com raiva, tentando me soltar de seu aperto firme. Essa sua ação me fez lembrar do dia da morte dos meus pais, o assassino segurou meu pulso da mesma forma que ele. O mesmo toque frio e a mesma mão dura.
- Você é muito estúpida por achar que pode bater em mim, né? – falou com seus olhos queimando de raiva e de novo tremi de medo.
- Me solta, ou eu grito – falei com a voz dura e lhe encarando séria. Ele continuou me segurando por mais uns segundos, antes de soltar meu pulso.
- Você é mais idiota do que eu pensei – falou com raiva. Eu só fiquei olhando pro seu rosto retorcido pela raiva e de repente, como se fosse por mágica, seus olhos foram mudando de cor. O que antes era negro profundo, agora estava se transformando em um vermelho sangue. Meu susto foi tão grande por ver aquilo, que me afastei com medo.
- Seus olhos – sussurrei apavorada.
- O que?
- Estão... Vermelhos – assim que falei isso, ele fechou os olhos e se virou pro outro lado.
- Vai embora Isabella! – grunhiu.
- Mas...
- Vai! – gritou e tomada pelo medo, sai correndo de lá. Meu coração parecia que ia sair pela boca, eu tremia tanto que até quem estava longe perceberia. Fui correndo falar com Jéssica, tinha que ir embora daqui.
- Bella o que ouve? – perguntou vendo minha cara que provavelmente não deveria esta uma das melhores.
- Eu preciso ir Jéssica, eu não estou me sentindo muito bem – falei percebendo o quanto minha voz tremia.
- Você tá legal? Quer que eu te leve? – perguntou preocupada.
- Não, pode ficar, eu vim me despedir de você.
- Ok, se precisar de alguma coisa me liga, tá?
- Claro – falei e lhe dei um abraço e sai de lá, o mais rápido que eu conseguia.
Minha mão tremia enquanto eu ligava o carro. Eu sentia que lágrimas queriam rolar pelo meu rosto, mas não me permitiria ser tão fraca. Corri o mais rápido que o carro permitia, chegando em casa depois de uns 20 minutos.
A casa estava completamente silenciosa, Kate havia saído com Garrett, então eu estava sozinha, e pela primeira vez, desejei o contrario. Entrei no meu quarto, trancando a janela e a porta. O medo se alastava por todo meu corpo de forma absurda. A cor dos olhos dele não saia da minha mente. O que seria aquilo? Era uma pergunta sem resposta.
Fui me arrastando para cama, deitando com roupa que eu estava mesmo. Tinha medo de fechar os olhos e encarar o desconhecido, de sonhar com aqueles olhos, ou pior... Sonhar com o assassino dos meus pais. Mas eu estava muito cansada, tanto fisicamente quanto mentalmente, e sem que eu percebesse, cai no sono.
“Não reconhecia onde estava, só sabia que era um lugar bem escuro e totalmente sujo. Olhei pro meu corpo, e vi que usava a mesma fantasia que havia usado no dia da festa de halloween, só que dessa vez, a roupa preta estava coberta de sangue, como minhas mãos também estavam.
De repente ouvi um gemido de dor vindo da parte sul daquela escuridão. Andei apressada procurando de onde vinha o gemido, mas estava muito escuro, eu quase não conseguia ver nada, quando de repente meus pés batem em alguma coisa caída no chão e eu acabo caindo.
Me virei pra saber no que tinha tropeçado, quando vejo que não foi um objeto e sim um corpo, e olhando melhor percebo que sei de quem é o corpo. Gritei apavorada quando vejo o corpo de Jéssica sem vida e totalmente coberto de sangue. Me afasto chorando de seu corpo, quando bato em outra coisa e percebo que dessa vez é o corpo de Kate pendurado por alguma coisa, suas mãos presas no alto de sua cabeça. Seu corpo esta só sangue, suas roupas rasgadas e tanto os seios quanto barriga e pernas estão cobertas por mordidas grotescas. Grito caindo de joelhos e chorando. Eu tremia de medo e meus soluços a cada momento se tornavam mais altos, foi quando eu ouvi novamente o gemido. “Ah alguém vivo aqui” Pensei já me ponde de pé, de novo procurando de onde vinha o gemido e então eu vi...
Na parte mais escura havia uma menina em pé, totalmente ensangüentada, com o pescoço virado pro lado, enquanto alguém atrás dela sugava o seu sangue pelo pescoço. Tardiamente fui perceber que se tratava de Michelle, ela era a garota gemendo em pé, atrás dela estava Damon, chupando seu sangue, enquanto suas mãos passavam pelo corpo dela. Pelos seios, pernas, por debaixo do vestido e o mais terrível era que ela não parecia se incomodar, na verdade seu rosto transbordava de prazer.
Tapei a boca com as mãos tentando evitar de o grito sair, mas mesmo assim Damon me ouviu. Ele levantou a cabeça, desgrudando a boca do pescoço de Michelle e olhou pra mim com aqueles olhos vermelhos.
- Isabella... – sussurrou sorrindo e jogando o corpo de Michelle violentamente do chão. Comecei a me afastar, olhando pros lado, tentando achar um lugar no qual eu pudesse me esconder, mas não havia nada – Você é a próxima...
Ele mal acabou de falar e eu já estava correndo, mas não dei nem cinco passos e ele me puxou pelo cabelo, fazendo eu gritar de dor. Seu braço direito prendeu minha cintura contra seu corpo e sua mão esquerda fez um nó em meu cabelo, o mantendo preso e depois virou minha cabeça pro lado, deixando livre meu pescoço pra sua boca.
- Perfeita... – sussurrou em meu ouvido antes de me morde, fazendo eu gritar de dor e medo...”
Então finalmente eu acordei.

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