Capítulo 5 - Aluno Novo
De repente eu senti minha cabeça girando
e meu estomago se revirando, se braços frios não tivessem me pegado, eu tinha
desabado no chão. Edward – não tinha como não reconhecer o seu toque – me pegou
em seus braços, me mantendo aninhada ao seu corpo. Tremi, mas não por causa do
frio de seu corpo, mas porque sentia olhos queimando em minhas costas, e eu
sabia muito bem de onde vinha esse olhar. Fechei os olhos com força, me
forçando a não pensar em quem quer que estivesse me olhando e coloquei minha
cabeça na curva do pescoço de Edward, e fiquei assim até que senti que já
estávamos do lado de fora da escola. O vento frio e úmido balançaram meu cabelo
solto, fazendo com que alguns fios fossem parar na minha cara. Consegui
respirar melhor agora, pois finalmente me vi livre do cheiro insuportável de sangue.
- Acho que já posso andar – sussurrei
contra seu pescoço.
- Já estamos chegando ao meu carro –
sussurrou de volta e menos de 30 segundos depois ele estava abrindo a porta de
seu carro pra mim. Ele me colocou delicadamente sentada no banco do passageiro
e depois foi para o banco de motorista – Está com frio? – perguntou depois de
entrar e ligando o aquecedor. Eu nada falei. Na verdade achava difícil falar
alguma coisa agora. Eu sentia minha garganta seca e mesmo agora, com Edward ao
meu lado e eu segura dentro de seu carro, ainda conseguia sentir aqueles olhos
em mim.
- A gente pode sair daqui? – perguntei
tentando ao máximo não demonstrar o meu desespero. Edward só confirmou com a
cabeça e deu a partida no carro.
Fomos o caminho todo em silencio. Eu não
conseguia pensar nada que não fosse aquele cara encapuzado do outro lado da
sala. Seria possível que ele fosse o assassino de Michelle? Não seja estúpida Isabella! Com
certeza era só outro aluno fantasiado.Falei mentalmente pra mim mesma. Mas
porque então essa sensação não saia do meu peito? A mesma sensação que eu senti
no dia que meus pais foram mortos... Oh meu Deus! Arfei com o pensamento que me
veio. Será que... Não! Não me permitiria pensar nisso! Era só um aluno e
pronto. A tentativa de me convencer foi em vão, pois a duvida de que aquele
cara pudesse ser o assassino dos meus pais continuava em minha cabeça. Assassino dos meus pais... Há tanto tempo eu já tinha me
convencido que o que eu vi naquele dia foi só fruto da minha imaginação e agora
aparecia esse homem de capuz para bagunçar ainda mais a minha cabeça. E se
ainda não fosse o suficiente, havia a tal senhora desconhecida que me falou
aquelas coisas... Quem era
ela? E o que quis dizer com aquilo? Era
a única coisa que eu queria saber. Fui tirada dos meus pensamentos, com Edward
parando na frente da minha casa. Perai!
Como ele sabia onde eu morava?
- Você está bem? – perguntou preocupado.
Demorei um tempo pra responder, pois nem eu sabia essa resposta.
- Eu a conhecia... – sussurrei com a voz
embargada, mas as lágrimas que deveriam rolar, não vieram – Eu falei com ela,
eu... Eu... – não consegui terminar, mesmo não tendo lágrimas rolando, eu
chorava por dentro. Meu peito doía e minha garganta parecia seca. Eu queria
tanto chorar, expressar minha tristeza, mas eu não conseguia, era como se eu
tivesse me transformado em pedra.
- Eu sinto muito – sussurrou me olhando
com... Pena? Olhei-o pela primeira vez desde
que ele me deixou no meio da pista. Sua cara não era de quem estava triste ou
perturbado pela cena vista minutos atrás, mas de tensão, como se alguma coisa
não tivesse saído certo.
- Você não parece perturbado com isso –
acusei.
- Não é a primeira morte que eu vejo –
falou desviando o olhar do meu e olhando pra rua escura e deserta.
- Não é a minha também, mas... – não
consegui termina. Essa conversa estava me fazendo ter lembranças da morte dos
meus pais e não era isso que eu queria no momento.
- Os seus pais, não é? – perguntou
delicadamente. Foi impossível não bufar com isso. É claro que ele sabia dos
meus pais, todos nessa cidade sabiam. Uma
semana depois de chegar a Forks, todos já sabiam da morte dos meus pais e como
terrivelmente eles morreram.
- É – respondi amargurada e dei a
resposta publica da história – Ataque de animal.
- Eu sinto muito – repetiu sincero.
Desviei a cara. Não queria que ele visse o quanto aquilo ainda me machucava, na
verdade sempre me machucaria, meu coração sempre estaria marcado pela morte dos
meus pais. Sem que eu conseguisse evitar, uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
- A gente se ver depois Edward – falei
com a voz embargada e saindo do carro, sem olhá-lo. Corri descalça pela calçada
de minha casa. A neve no chão fazia meus pés doerem de frio, mas não me
importei, pois a dor nos pés não se comparava a dor no meu coração. Entrei em
casa tremendo, sem perceber se Edward ainda estava lá, ou não.
- Bella? – ouvi a voz de Kate lá de
cima.
- So-Sou eu – falei tremendo, finalmente
me dando conta do quanto estava frio.
- Por Deus, você esta congelando! –
exclamou assustada me arrastando pra sala, me colocando sentada no sofá e me
cobrindo com um lençol grosso que lá tinha – O que houve? Por que chegou tão
cedo? E por que esta assim?
Era tantas perguntas que era até difícil
me concentrar. A imagem de Michelle morta não saia da minha cabeça, de seu
corpo estirado no chão só sangue, a imagem do homem encapuzado, com sangue nos
lábios... Solucei quando me lembrei disso, e só ai fui perceber que finalmente
tinha deixado as lágrimas rolarem. Kate me olhava assustada, não entendendo
nada, e eu realmente não queria que ela entendesse, só queria que ela me
ajudasse a me livrar desse medo que estava impregnado no meu peito.
- Bella? – perguntou assustada, eu nada
disse, só lhe abracei e chorei. Chorei por tudo o que tinha acontecido, por
Michelle, por meus pais. Não era mais Isabella a adolescente, que estava
chorando em seus braços, mas sim Bella a garota assustada que perdeu os pais
cedo. Ela me pedia para explicar o que estava acontecendo, mas eu só fazia
soluçar e chorar. Fiquei assim por minutos, ou quem sabe horas, só sei que uma
hora já estava cansada o suficiente para as lágrimas cessarem e eu cai na
inconsciência.
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Aquele foi um dos finais de semana mais
difíceis da minha vida. Não pela morte de Michelle em si, mas o que a morte
dela me fez reviver. Me fez lembrar de quando eu perdi os meus pais, da
sensação de ter metade do meu coração arrancado. Eu só saia do quarto para
comer e ir ao banheiro. O que explicou a minha cara amassada na segunda. Agora
estava no meu quarto, me preparando para ir para escola. Na noite anterior,
Jéssica havia me ligado falando que todos na escola iriam de preto, em
homenagem a Michelle. Não que eu ache particularmente uma homenagem, pra mim é
só uma forma de respeito com sua morte. Eu não quis saber mais do que o
necessário sobre a morte dela. Só sabia que ela tinha caído do telhado da
quadra e quebrado quase todos os ossos, mas isso não explicava o sangramento no
pescoço, peito e barriga, muito menos a sua meia calça rasgada. Alguns
especularam que ela tenha sido estuprada, eu resolvi ignorar essa parte, a sua
morte já era ruim por si só.
Balancei a cabeça, tentando me livrar
desses pensamentos e sai do quarto, indo em direção ao andar de baixo.
- Bom dia! – cumprimentei Kate e Garrett
quando cheguei à cozinha. Garrett tinha ficado aqui em casa desde sábado, disse
que com um assassino a solta, nós precisaríamos de segurança. Revirei os olhos
quando ele disse isso, quem atacaria eu e Kate?
- Bom dia! – falaram os dois juntos.
Kate estava tomando café, enquanto Garrett simplesmente lia um jornal. Às vezes
em pensava que ele não tinha estomago, pois durante todos esses meses que
estamos aqui, eu nunca o vi comer mais do que uma migalha de pão.
- Você esta bem para ir à aula hoje? –
perguntou Kate preocupada, depois que eu me sentei para comer o meu cereal.
- Não foi um membro da minha família que
morreu Kate – falei mau humorada olhando para o meu cereal, mas logo que eu fiz
isso, me arrependi. Ela só estava preocupada comigo, não tinha culpa alguma de
eu ter acordado de mau humor – Desculpa, é que... Eu ainda to meio assustada
com tudo isso.
- Não precisa se desculpa Bella, é
normal que você esteja assim – falou sorrindo docemente pra mim. Eu não
respondi nada, só fiquei comendo o meu cereal. Depois que acabei de tomar meu
café da manhã, lavei minha louça e me despedir deles, saindo de casa.
Cheguei à escola rapidamente. Hoje não
estava aquele burburinho que sempre tem do estacionamento, na verdade todos
estavam bem pra baixo hoje. Todos vestindo roupas com tons escuros, que
deprimem até a mais feliz criança. Suspirei, sabendo que era isso que eu teria
que enfrentar. Sai do carro, andando de cabeça baixa até a entrada da escola,
mas antes que eu pudesse chegar lá, meu corpo se chocou com uma coisa dura e
fria. Antes de abrir os olhos, pensei que até fosse Edward de novo, por causa
do toque, mas assim que abri os olhos, vi que se tratava de alguém
completamente diferente. Ele era bem alto, tinha cabelos extremamente pretos, o
que causava um belo contraste com sua pele branca, tinha olhos negros como o
fundo de um poço, e nos lábios carregava um sorriso zombeteiro. Eu já vi esse sorriso. Pensei, só não sabia aonde havia
visto.
- Perdoe-me, não tinha lhe visto – falou
com um estranho sotaque, soltando meu braço, que ele tinha segurada para eu não
cair.
- Não, é eu que peço desculpas –
falei corando, agora saber o porque de eu está corando, eu não sei. Ficamos nos
encarando por um tempo, eu realmente não sabia o que dizer, até porque, minha
experiência com garotos era zero – Você é novo aqui?
- Sou, comecei hoje – explicou.
- Desculpa, mas de onde você veio? É
porque você tem um sotaque estranho – falei corando mais ainda por esta sendo
tão intrometida.
- Vim da Itália, meus pais resolveram
viajar e me mandaram pra cá.
- Eu sinto muito...
- Não, tudo bem, até é um pouco legal
ser emancipado – respondeu dando uma risada misteriosa. Não sei por que, mas
senti que havia muito mais por trás desse riso.
- Bom, bem vindo a escola – falei começando
a me afastar – Foi bom conhecer você – disse e me virei, não sei porque, mas
ficar perto desse garoto me dava um certo calafrio. Já estava a uma bela
distancia, quando ele segurou meu braço de novo.
- Desculpa, mas qual é o seu nome? –
perguntou.
- Isabella, mas pode me chamar de Bella.
- Bella... – repetiu sorrindo – Prazer,
Damon – só assenti com a cabeça e comecei a me afastar de novo. Não sei por
que, mas esse Damon não me parecia ser uma pessoa das mais confiáveis. Que isso Bella! Pensei. Nunca fui de julgar as
pessoas, e não é agora que eu ia começar. É isso ai, quando eu tivesse
oportunidade, iria conversa com ele melhor, até porque ele não tinha culpa de
eu esta sendo tão mal educada hoje.
Já estava pra chegar a minha sala,
quando Jéssica apareceu ao meu lado, toda de preto, como óculos escuros no
rosto e de cabeça baixa. Jess conhecia Michelle mais do que eu, tinham sido
criadas praticamente juntas, era normal que ela estivesse sofrendo com aquilo.
Eu não era boa em conforta as pessoas, então simplesmente lhe abracei, tentando
colar todo o meu pesar nessa ação. Entramos na sala assim, abraçadas. E como no
resto da escola, a sala estava extremamente silenciosa. Algumas garotas que
eram mais amigas de Michelle choravam juntas no final da sala. Eu de certa
maneira me sentia mal lá, é claro que fiquei triste com a sua morte, mas não
compartilhava essa dor, por isso, em respeito a todos, em especial a Jéssica,
me manti em silencio. E foi nesse completo silencio que o dia passou, nos
corredores, quando era a troca de aulas, ninguém falava nada. Na frente do
armário de Michelle, os alunos e professores haviam feito um memorial. A frente
do seu armário estava coberta por flores, fotos e presentes que os amigos
haviam lhe deixado. Se eu soubesse que haveria isso, teria trazido alguma
coisa, apesar de não saber o que realmente trazer.
Agora eu estava na ultima aula, antes do
sinal do intervalo tocar. Essa era uma das aulas que eu não tinha com Jéssica,
o que não era tão ruim até eu ver que o novato (Damon) também tinha essa aula.
Ele ficou no lugar mais afastado da sala, mas mesmo de lá, eu o sentia me
mandando olhares, o que me fez ter aqueles mesmos calafrios de antes. Fiquei
feliz quando a campa soou, sai rapidamente da sala, queria ver como Jéssica estava,
mas no momento em que eu pus o pé para fora da sala, Edward apareceu na minha
frente. Sua aparição foi tão de supetão, que cheguei arfa de surpresa. Não
tinha falado com ele desde aquele dia no baile, não que eu esperasse que ele me
liga-se, afinal ele só tinha me dado uma carona, mais o fato de ele ter
admitido que sentiu ciúmes de mim... Bom, de certa forma fez essa paixão que eu
sinto por ele aumentar mais.
- Oi – cumprimentei timidamente, mas ele
não estava olhando pra mim, e sim para um ponto atrás de mim, me virei pra saber o que ele
via, quando vi que Damon me encarava, com aquele mesmo sorriso zombeteiro nos
lábios. Voltei minha cara para Edward, o olhando constrangida, agora eu não
sabia por quê.
- Você está bem? – perguntou ainda sem
me encarar.
- Estou – respondi – E você?
- Bem! – falou. Juro que já estava me
dando raiva o fato de ele esta conversando comigo, mas não esta me encarando.
- Então... – falei esperando que ele
dissesse alguma coisa.
- Quer ir almoça comigo? – falou
finalmente me olhando. Tenho que admitir que seu pedido me pegou de surpresa,
mas também me deixou feliz. E pela primeira vez naquele dia, eu sorri.
- Claro.
Ele não respondeu nada, só começou a
andar em direção ao refeitório, comigo ao seu lado. Não falamos nada por todo o
caminho e de certa maneira, eu não sabia o que dizer. Quando já estávamos
entrando no refeitório, vi Jay saindo, e foi impossível não chamar por ele.
Tentei falar com ele o final de semana todo, mas Jay nunca me atendia, o que me
deixava mais envergonhada e culpada pelo que tinha acontecido.
- Ei! – falei parando em sua frente.
Edward tinha permanecido atrás de mim, o que eu agradeci.
- Oi – respondeu desanimado abaixando a
cabeça. Essa sua ação me trousse as imagens da nossa “briga” na festa, o que
fez meu coração aperta um pouco.
- Eu tentei falar com você, mas você não
atendia o celular... – comecei.
- É, eu sei, é que... Foi um final de
semana cheio – explicou.
- Eu queria pedir desculpas por aquele
dia, eu realmente sinto muito!
- Tudo bem, não foi nada – falou
levantando a cabeça e olhando para trás de mim, provavelmente vendo o Edward –
A gente se vê por ai – disse e saiu.
Fiquei um tempo parada, o vendo ir
embora, quando senti Edward parando ao meu lado.
- Tudo bem? – perguntou de novo.
- Não! – exclamei – Ele me odeia.
- Ele não te odeia... – falou convicto –
Ele me odeia!
- Como você pode ter certeza disso?
- Vai por mim, eu sei – falou e pelo
primeira vez desde que ele me convidou para almoçar, sorriu, um sorriso que fez
meu coração perde uma batida.
Fomos em direção a fila do lanche, para
pegarmos nossa comida. Edward pegou sua bandeja e quando fiz menção de pegar a
minha, ele me parou, falando que só uma bastava. Na bandeja ele colocou uma
fatia de pizza, uma maçã e duas cocas, pagou e me dirigiu a uma mesa vazia, no
final do refeitório.
- Você come muito pouco sabia? – falei
abrindo uma coca e apontando para a bandeja, onde só tinha aquilo de comida.
- É para você, eu não vou comer –
explicou.
- Como assim não vai comer? Não esta com
fome?
- Eu não como – falou simplesmente.
Olhei pra ele com o cenho franzido, falando pra mim mesma que ele só estava
brincando. Abaixei a cabeça, olhando para a minha lata de coca. E de novo
ficamos naquele silencio infernal. Eu encarando a lata, e ele me encarando.
Suspirei com isso.
- Eu vi você conversando com o aluno
novo – falou de repente me pegando de surpresa com a sua forma direta de falar.
- É, ele... Parece legal – falei, mas
até eu ouvi a mentira em minha voz.
- Ele te fez alguma coisa? – perguntou
parecendo nervoso.
- Oh não... – tratei logo de explicar –
É que eu não o conheço bem, sabe? Então não posso dizer se ele é legal ou não.
- Fica longe dele, tá?
- Por quê?
- Vai por mim Bella, você não vai querer
ficar perto dele – falou olhando diretamente nos meus olhos, como se quisesse
me convencer daquilo – Promete que vai ficar longe dele.
- Eu... Prometo – falei, até porque era
um pouco difícil negar alguma coisa pra ele quando ele me olhava assim. Ficamos
um tempo olhando um para o outro, até que de repente seu rosto foi tomado por
uma mascara de dor, e ele desviou a cara. Eu só fiz abaixar a cabeça, um tanto
constrangida com aquele nosso momento. Ficamos um tempo em silencio de novo,
até que Deus sabe onde, a voz de Jéssica veio em minha cabeça... “Pra você conquistar um garoto,
você tem que tomar as rédeas da situação, ou seja, tomar a iniciativa...” Tomar
a iniciativa, repetir
mentalmente. Era isso, se eu quisesse que Edward olha-se pra mim, eu teria que
tomar a iniciativa, e com medo que eu perdesse a minha coragem, perguntei – O
que você vai fazer sexta à noite?
- Como? – ele pareceu surpreso com a
minha pergunta, tanto que seu olhar de dor de antes, foi substituído por
curiosidade.
- É que sebe... A gente já é amigo
agora, né? – falei um tanto tímida, ficando mais vermelha do que tomate.
- Sim – falou como se tivesse segurando
a risada, e Deus como ele ficava lindo assim.
- Então, já que somos amigos, poderíamos
sair juntos, certo? – perguntei torcendo as mãos debaixo da mesa.
- Humm... – fez parecendo pensar – Eu
não sei, normalmente os únicos amigos que eu tenho são os meus irmãos.
- Ah... – falei um pouco feliz por esta
sabendo alguma coisa sobre sua vida, mesmo que tenha sido só isso – Bom,
Jéssica falou que amigos saem juntos, tipo, pra se divertir.
- O que você tem em mente? – perguntou
com aquele sorriso torto que sempre me derretia.
- Cinema? – minha duvida fez a resposta
sair como pergunta.
- Cinema... – repetiu olhando para cima,
como se estivesse se decidindo, e num ato totalmente infantil, cruzei os dedos
da mão direita, torcendo para que ele aceitasse. Ele pensou mais um pouco antes
de responder – Tudo bem!
- Sério? – falei não acreditando.
- Sim, que tal as sete?
- Perfeito – falei sorrindo, o que o fez
sorri também.
- Bem, agora eu acho melhor você
lanchar, pois a campa já vai tocar – falou me estendendo a fatia de pizza, a
qual eu peguei sem discutir. Comia com um sorriso no rosto, e mesmo que eu
tentasse ele não saia. Ele
tinha aceitado! Pensei
alegremente. Pelo menos uma coisa boa havia acontecido naquele triste dia.
A campa soou no momento em que eu tinha
acabado a pizza. Me levantei e perguntei se ele vinha, já que continuava
sentado no mesmo lugar.
- Daqui a pouco, tenho que ir a um lugar
primeiro – respondeu, eu só fiz confirma com a cabeça e ir pra minha sala.
E esperei, esperei, esperei até depois
que o professor tinha entrado na sala, mas Edward não apareceu. Onde ele estaria? Era a única coisa que eu queria
saber. Não seja estúpida
Isabella! Gritei mentalmente, isso não é da sua conta! Falei pra mim mesma. Não era
porque ele tinha aceitado sair comigo, que eu tinha o direito de me meter em
sua vida. É isso ai, eu pararia de me meter na vida dele, afinal só agora
tínhamos virado amigos, ainda não tinha esse direito. Fui tirada dos meus
pensamentos com a campa tocando, informando o fim de mais um dia de aula. No
lado de fora da sala, Jéssica já me esperava para irmos juntas.
- Oi – falei – Eu ia ver você no
intervalo, mas Edward me chamou para almoçar com ele.
- Tudo bem, eu vi – falou dando um
sorriso triste. Eu queria lhe contar sobre o encontro, mas esse não era o
momento certo.
- Você tá bem? – perguntei começando a
andar.
- To, ainda é um pouco difícil, mas eu
estou bem – falou levantando a cabeça e dando um sorriso mais normal dessa vez
– Todos vão pra praia hoje de noite.
- Hoje? – perguntei surpresa.
- É, vai ser tipo uma despedida pra
Michelle, a gente vai fazer uma fogueira e tal... Você vai? – perguntou, nessa
hora já estávamos fora da escola e alguns pingos de chuva molhavam nossos
cabelos.
- Eu não sei Jess... – falei um tanto
desconfortável.
- Por quê?
- Eu não conhecia ela muito bem, não sei
se minha presença lá é certo – expliquei.
- Você também sofreu com a morte dela,
de um jeito diferente, mas sofreu, merece esta lá tanto quanto nós – falou
convicta. Fiquei olhando pro seu rosto por um tempo indecisa – Vamos Bella, por
mim.
- Ok! – falei depois de um tempo
pensando – Eu vou. Em que praia é?
- La Push – falou simplesmente. Ainda
não tinha ido a La Push, mas diziam que a praia era linda, um tanto fria, como
sempre é aqui, mas linda.
- Ta bem, as sete eu to lá – prometi.
- Obrigada – falou me abraçando e depois
se afastando, dizendo que tinha que ir para casa preparar o jantar. Nos
despedimos e fui para o meu carro. Mas antes que eu entrasse, senti aquele
mesmo calafrio de antes. Me virei e encontrei os olhos de Damon em mim
novamente. E um pensamento um tanto estranho veio em minha cabeça...
Perigo! Era o que seus olhos negros gritavam.
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Depois de jantar com Kate me arrumei e
fui para praia. Quando cheguei lá, avistei um monte de carros e uma pequena
fogueira, estacionei o carro e fui andando até lá. Por onde ia passando, ia
cumprimentado as pessoas, ou pelo menos as que eu conhecia. Sentada perto da
fogueira estava Jéssica, fui lá e me sentei a seu lado.
- Pensei que não viesse – falou depois
que nos abraçamos.
- Eu disse que viria – falei e ela me
estendeu um graveto, onde na ponta havia um machimelo. Coloquei no fogo e
começamos a conversa. Ficamos conversando por uma hora, até que eu decidir
levantar para esticar as pernas, ela resolveu ficar sentada, eu disse que tudo
bem e fui andar um pouco pela praia.
Ele era realmente linda, à noite
então... Como aqui havia pouca luz, dava para se enxerga perfeitamente as
estrelas e isso fez me lembrar de meu pai. Ele falava que cada estrela
representava alguém que havia partido, e que se um dia ele fosse embora, ele
seria a estrela mais brilhante, então desde sua morte procurava as duas
estrelas mais brilhantes, uma que representava ele e a outra que representava a
minha mãe.
- Me desculpem... – sussurrei olhando
pro céu – É tudo minha culpa... – falei com a voz embargada, mas nenhuma
lágrima rolava – Eu jamais deveria ter pedido pra vocês irem à floresta – falei
e finalmente uma lágrima rolou e quando eu já estava preparada pra deixar mais
algumas rolarem, uma mão extremamente branca apareceu na minha frente, me
estendendo um lenço.
- Dia difícil? – a voz de Damon falou ao
meu lado.
- Não mais que o normal... – falei
aceitando o lenço e enxugando meus olhos – Obrigada.
- Não por isso – falou e depois ficamos
em silencio de novo – Aquela ali... – apontou para o céu – A mais brilhante se
chama Sírius, ela é a estrela mais brilhante no céu noturno, visível na
constelação de Cão Maior.
- Você parece saber muito sobre as
estrelas – comentei.
- Tenho muito tempo de estudo... – falou
me olhando diretamente, com aquele mesmo sorriso de antes. E de novo senti
aquele calafrio de medo.
- Acho melhor eu ir – falei
apressadamente.
- Você está com medo? – perguntou,
parecendo se divertir com isso.
- Não – falei, mas até eu sabia que era
mentira.
- Eu te dou medo? – falou chegando mais
perto de mim, e eu como estava assustada, não consegui mover um músculo.
- Nã-Não – gaguejei por causa do medo.
- Eu vi que você é muito próxima ao
Cullen... – disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Tremi
quando sua pele fria tocou na minha – Ele não é um cara legal, sabia?
- Engraçado, ele falou a mesma coisa
sobre você – falei com uma coragem até então desconhecida por mim.
- É, mas no meu caso, ele esta mais
certo do que imagina... – falou e seu rosto foi se aproximando do meu e antes
que pensasse mais, levantei minha mão direita, pronta para lhe da um tapa, mas
ele foi mais rápido e segurou meu pulso.
- Me solta – grunhi com raiva, tentando
me soltar de seu aperto firme. Essa sua ação me fez lembrar do dia da morte dos
meus pais, o assassino segurou meu pulso da mesma forma que ele. O mesmo toque
frio e a mesma mão dura.
- Você é muito estúpida por achar que
pode bater em mim, né? – falou com seus olhos queimando de raiva e de novo
tremi de medo.
- Me solta, ou eu grito – falei com a
voz dura e lhe encarando séria. Ele continuou me segurando por mais uns
segundos, antes de soltar meu pulso.
- Você é mais idiota do que eu pensei –
falou com raiva. Eu só fiquei olhando pro seu rosto retorcido pela raiva e de
repente, como se fosse por mágica, seus olhos foram mudando de cor. O que antes
era negro profundo, agora estava se transformando em um vermelho sangue. Meu
susto foi tão grande por ver aquilo, que me afastei com medo.
- Seus olhos – sussurrei apavorada.
- O que?
- Estão... Vermelhos – assim que falei
isso, ele fechou os olhos e se virou pro outro lado.
- Vai embora Isabella! – grunhiu.
- Mas...
- Vai! – gritou e tomada pelo medo, sai
correndo de lá. Meu coração parecia que ia sair pela boca, eu tremia tanto que
até quem estava longe perceberia. Fui correndo falar com Jéssica, tinha que ir
embora daqui.
- Bella o que ouve? – perguntou vendo
minha cara que provavelmente não deveria esta uma das melhores.
- Eu preciso ir Jéssica, eu não estou me
sentindo muito bem – falei percebendo o quanto minha voz tremia.
- Você tá legal? Quer que eu te leve? –
perguntou preocupada.
- Não, pode ficar, eu vim me despedir de
você.
- Ok, se precisar de alguma coisa me
liga, tá?
- Claro – falei e lhe dei um abraço e
sai de lá, o mais rápido que eu conseguia.
Minha mão tremia enquanto eu ligava o
carro. Eu sentia que lágrimas queriam rolar pelo meu rosto, mas não me
permitiria ser tão fraca. Corri o mais rápido que o carro permitia, chegando em
casa depois de uns 20 minutos.
A casa estava completamente silenciosa,
Kate havia saído com Garrett, então eu estava sozinha, e pela primeira vez, desejei
o contrario. Entrei no meu quarto, trancando a janela e a porta. O medo se
alastava por todo meu corpo de forma absurda. A cor dos olhos dele não saia da
minha mente. O que seria
aquilo? Era uma pergunta sem
resposta.
Fui me arrastando para cama, deitando
com roupa que eu estava mesmo. Tinha medo de fechar os olhos e encarar o
desconhecido, de sonhar com aqueles olhos, ou pior... Sonhar com o assassino
dos meus pais. Mas eu estava muito cansada, tanto fisicamente quanto
mentalmente, e sem que eu percebesse, cai no sono.
“Não reconhecia onde estava, só sabia
que era um lugar bem escuro e totalmente sujo. Olhei pro meu corpo, e vi que
usava a mesma fantasia que havia usado no dia da festa de halloween, só que
dessa vez, a roupa preta estava coberta de sangue, como minhas mãos também
estavam.
De repente ouvi um gemido de dor vindo
da parte sul daquela escuridão. Andei apressada procurando de onde vinha o
gemido, mas estava muito escuro, eu quase não conseguia ver nada, quando de
repente meus pés batem em alguma coisa caída no chão e eu acabo caindo.
Me virei pra saber no que tinha
tropeçado, quando vejo que não foi um objeto e sim um corpo, e olhando melhor
percebo que sei de quem é o corpo. Gritei apavorada quando vejo o corpo de
Jéssica sem vida e totalmente coberto de sangue. Me afasto chorando de seu
corpo, quando bato em outra coisa e percebo que dessa vez é o corpo de Kate
pendurado por alguma coisa, suas mãos presas no alto de sua cabeça. Seu corpo
esta só sangue, suas roupas rasgadas e tanto os seios quanto barriga e pernas
estão cobertas por mordidas grotescas. Grito caindo de joelhos e chorando. Eu
tremia de medo e meus soluços a cada momento se tornavam mais altos, foi quando
eu ouvi novamente o gemido. “Ah alguém vivo aqui” Pensei já me ponde de pé, de
novo procurando de onde vinha o gemido e então eu vi...
Na parte mais escura havia uma menina em
pé, totalmente ensangüentada, com o pescoço virado pro lado, enquanto alguém
atrás dela sugava o seu sangue pelo pescoço. Tardiamente fui perceber que se
tratava de Michelle, ela era a garota gemendo em pé, atrás dela estava Damon,
chupando seu sangue, enquanto suas mãos passavam pelo corpo dela. Pelos seios,
pernas, por debaixo do vestido e o mais terrível era que ela não parecia se
incomodar, na verdade seu rosto transbordava de prazer.
Tapei a boca com as mãos tentando evitar
de o grito sair, mas mesmo assim Damon me ouviu. Ele levantou a cabeça,
desgrudando a boca do pescoço de Michelle e olhou pra mim com aqueles olhos
vermelhos.
- Isabella... – sussurrou sorrindo e
jogando o corpo de Michelle violentamente do chão. Comecei a me afastar,
olhando pros lado, tentando achar um lugar no qual eu pudesse me esconder, mas
não havia nada – Você é a próxima...
Ele mal acabou de falar e eu já estava
correndo, mas não dei nem cinco passos e ele me puxou pelo cabelo, fazendo eu
gritar de dor. Seu braço direito prendeu minha cintura contra seu corpo e sua
mão esquerda fez um nó em meu cabelo, o mantendo preso e depois virou minha
cabeça pro lado, deixando livre meu pescoço pra sua boca.
- Perfeita... – sussurrou em meu ouvido
antes de me morde, fazendo eu gritar de dor e medo...”
Então finalmente eu acordei.
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