Capítulo 7 - Sol e Lua
Sabe aquela tão conhecida frase “querer não é
poder”? Bom ela explicava bem a minha
situação agora. Eu queria muito estar errada sobre Edward, mas quanto mais eu o
olhava mais eu percebia que estava certa, afinal como alguém poderia ser tão
branco como ele? Ou frio e duro? As coisas pareciam tão óbvias agora, que me
achava idiota por não ter percebido antes.
Edward continuava a me encarar sem dizer nada, igual
a sua família, mas pela primeira vez eu não estava me importando nem um pouco
com isso, minha história era com o Edward, ou ele me contava a verdade hoje ou
eu teria que ir atrás da verdade sozinha.
- Bella... – ele começou, depois de um tempo em silêncio
– Temos escola agora...
- Que se dane a escola – falei raivosa,
surpreendendo a mim mesma com a minha forma de falar – Eu preciso realmente
conversa com você.
- Tudo bem... – suspirou cruzando os braços – O que
foi?
- Não aqui – falei olhando sua família sobre o seu
ombro. Não sabia como essas coisas funcionavam, mas acreditava que como as
histórias antigas, eles deviam ter uma ótima audição – Quem sabe em um lugar
mais reservado?
- Bella, temos aula...
- Edward! – praticamente gritei olhando diretamente
para seus olhos dourados – Ou você fala comigo agora ou... Eu vou falar com o
Damon – falei não conseguindo esconder o tremor de medo em minha voz ao
pronunciar o nome de Damon. Edward vendo que eu estava falando sério sobre
isso, concordou em falar comigo em outro lugar.
- Entra no carro – mandou apontando para o seu
volvo.
- Mas e o meu carro?
- Você quer conversa ou não? – perguntou erguendo as
sobrancelhas grossas. Suspirei concordando e entrando em seu carro.
Não sabia para onde ele estava me levando, só sabia
que era longe, pois quando menos vi, já estávamos saindo da estrada que levava
a Port Angeles e entrando em uma estrada de terra.
- Para onde estamos indo? – perguntei sendo a
primeira a quebrar o silêncio constrangedor do carro.
- Você queria um lugar reservado, certo? Estamos
indo para um lugar reservado – falou parecendo aborrecido, o que me deixou aborrecida. Por que ele estava irritado? A vítima da
história era eu, certo?
- Vai demorar a chegarmos? – perguntei tentando
evitar transparecer a minha irritação.
- Não muito – foi só o que respondeu antes de
voltarmos para o mesmo silêncio de antes.
Eu não gostava desse silencio entre nós, era
realmente agonizante não poder ouvir sua voz, mas hoje eu não estava me
importando muito com isso, hoje eu só
queria a verdade à cima de tudo.
Depois de mais uma hora de carro e uns trinta
minutos andando pelo meio do mato (o que foi uma experiência realmente
constrangedora), finalmente havíamos chego ao tal lugar reservado de Edward.
Arfei ao ver que lugar era aquele.
Era a clareira. A mesma clareira que eu havia
sonhado com o predador na noite que eu havia vindo para cá, a mesma clareira
que eu havia tido aqueles sonhos nada puros com o Edward. Era a clareira dos
meus sonhos...
- Como você achou esse lugar? – perguntei ainda
arfante, observando as flores e árvores da clareira.
- Eu achei quando nos mudamos para cá, anos atrás...
- Eu já vi esse lugar antes... Nos meus sonhos –
expliquei andando pelo lugar – Como é possível? – perguntei lhe olhando pela
primeira vez – Eu sonhar com uma coisa que eu nunca vi?
- A mente do ser humano é um mistério – simplesmente
falou.
- Pode ser – concordei e logo me lembrei do real
motivo para eu estar aqui – Como a sua também é.
- Bella...
- Não! – o interrompi. Era o meu momento de falar,
eu tinha medo que ele falasse alguma coisa e eu acabasse perdendo a coragem – É
minha vez de falar, depois que eu acabar... Você pode fazer o que quiser –
falei e ele só fez consentir com a cabeça. Respirei fundo antes de começar – Eu
sei que você sabe como os meus pais morreram... A história real.
- Seus pais foram mortos por um animal Bella, como
você mesma disse – falou parecendo tentar convencer mais a si mesmo do que a
mim.
- Você sabe que não – falei tentando controlar o
choro que ficou preso em minha garganta, uma coisa que sempre acontecia quando
eu lembrava de meus pais – Eu não pude evitar... – falei não conseguindo
encará-lo – Ele chegou tão rápido que quando eu menos vi... Eles estavam mortos
– finalmente uma lágrima rolou pelo meu rosto. Senti que Edward se aproximava,
mas antes que ele chegasse mais perto, eu me afastei. Respirei fundo tentando
me controlar e finalmente olhei Edward - Eu sei o que você é.
- O que você quer dizer com isso?
- Você sabe muito bem o que eu quero dizer... –
falei séria – Você lembra o dia que nos conhecemos? Você... Quebrou a lajota
com um soco, você saiu numa velocidade sobre-humana e antes de ontem você
evitou que Damon me matasse, sendo que... Eu nem sabia o porquê de ele querer
me matar... – respirei fundo tentando me controlar - Você é frio como gelo,
duro como mármore... Seus olhos mudam de cor... – falei e me aproximei dele,
parando bem perto de seu corpo e sussurrando – Eu sei que posso esta sendo
maluca, que provavelmente tudo que eu estou falando aqui é loucura, mas
Edward... Eu não consigo tirar essa idéia da cabeça...
- Que idéia? – perguntou parecendo fazer muita força
para falar aquilo.
- Que você... Que... – não consegui terminar, pois
até para mim, o que eu diria a seguir era loucura demais – Que você é um
vampiro.
Eu esperava muita coisa depois disso, esperava que
ele me chamasse de doida, que risse da minha cara, ou que simplesmente virasse
a cara, mas ele simplesmente olhou para baixo, com uma expressão de dor no
rosto.
- E mesmo assim você decidiu vim aqui comigo... –
falou e eu arfei ao ouvir a confirmação em sua voz. Edward era um vampiro... Essa era a única coisa que passava pela
minha cabeça. Senti-me fraca com aquilo. Eu não conseguia acreditar que aquilo
estava acontecendo comigo, justo comigo. Eu me sentia entrando em um livro de
terror e não sabendo como sair dele. Era realmente muita coisa para a cabeça de
uma simples humana... – Você esta com medo? – perguntou quebrando o silencio.
Se eu estava com medo? É claro que eu estava, mas
será que o medo que eu sentia era o mesmo que ele pensava? Eu estava com medo,
mas não do que ele era, mas do que isso atrapalharia nas coisas entre nós.
- Sim... – respondi e logo que eu falei isso ele se
afastou – Mas talvez não da forma que você imagina.
- Como assim?
- Você deve ter percebido que você não é o primeiro
vampiro que eu conheço, certo? – perguntei rindo sarcasticamente – Meus pais
apesar de terem morrido cedo, me ensinaram muita coisa, a principal é... Que
nem todo mundo é igual Edward... E eu sei que você não é igual ao assassino dos
meus pais.
- Como você pode ter certeza?
- Porque você me salvou do Damon e agora esta aqui
comigo... – falei e me aproximei mais dele, parando bem perto de seu rosto –
Alguém como você jamais seria capaz de fazer algum mal Edward.
- Você não devia ter tanta certeza disso... –
sussurrou.
- Por que não?
- Porque eu já matei antes, Bella – falou finalmente
me olhando. Senti o chão se perde abaixo dos meus pés. Eu sabia que teria essa
chance, afinal eu não era uma garotinha que ainda acreditava em contos de
fadas, mas saber que o cara que você gostava era um assassino ainda era um
pouco difícil.
- Isso não importa... – consegui dizer depois de
respirar fundo.
- Não importa? – perguntou raivoso – Bella eu matei
pessoas... Eu sou um monstro.
- Sua definição de monstro é totalmente diferente da
minha.
- E qual seria a sua? – perguntou debochado.
– Existem muitas pessoas que se dizem humanas, mas
no fundo são uns monstros Edward... Pode acreditar em mim, você é totalmente
diferente de um monstro.
– Eu sou igual ao Damon, Bella, e eu tenho certeza
que você o considera um monstro – senti os pelos da minha nuca se arrepiarem de
medo só de ouvir o seu nome. Desde aquele dia na floresta, Damon tomou conta de
meus sonhos, ou melhor, dos meus pesadelos. Eram extremamente horríveis os
pesadelos, na maioria das vezes eu sonhava com ele matando alguém, então já
deve imaginar como eu ficava, certo?
– Com o Damon é diferente – falei depois que fiquei
um tempo em silencio.
–Por quê?
– Porque Damon não tenta mudar... – respondi – Bom,
pelo menos o tempo que ele esta aqui, nunca o vi fazendo nada de bom – falei e
gaguejei ao fazer a próxima pergunta – Foi ele que matou Michelle, não é?
– Foi – sua voz saiu um pouco engasgada. Fechei os
olhos tentando controlar as lágrimas de rolarem. Apesar de eu desconfiar, ainda
era um pouco difícil de aceitar.
– Por que você não tentou evitar? – fiz força para
minha voz não sair como um julgamento, mas não conseguir.
– Eu tinha que proteger você...
– A mim? Por quê? – senti que ele não esperava
aquela pergunta, pois de repente ele ficou hesitante.
– Damon senti um tipo de fascinação por você –
falou, mas apesar de eu ser péssima mentirosa, era boa em descobrir quem mentia
e Edward claramente mentia, mas como eu ainda não tinha direito nenhum de pedir
nada para ele, deixei passar.
– E porque seus irmãos não tentaram?
– Eles não sabiam o que ia acontecer, pelo menos
não antes de Alice ter a visão... – falou e eu arregalei os olhos com aquela
informação.
– Vi-vi-são? – finalmente consegui falar – Deus,
você quer dizer que ela... Prever o futuro?
– Alguns da nossa espécie têm esses... Talentos, se
assim posso dizer – explicou – Alice prever o futuro, Jasper controla emoções e
eu...
– Você? – perguntei tentando controlar a
respiração.
– Posso ler mentes – falou dando de ombros, como se
aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Caramba! Foi a única coisa
que eu consegui pensar antes de desabar no chão. Era muita coisa para mim,
muita coisa por um dia só. Edward vampiro, Damon assassino de Michelle e agora
descubro que metade de sua família tem poderes, poderes que podem ser usados
contra mim... Peraí!
– Você não usou esse lance de ler mentes comigo,
certo? – perguntei desesperada. Imagina se ele tivesse usado contra mim? O que
ele teria ouvido... Oh meu Deus! Se ele me ouviu, com certeza deve saber
que eu sonhei com ele... Oh meu pai! Isso fica cada vez pior...
– Não – respondeu sorrindo e se abaixando, até
ficar sentado ao meu lado – Eu não consigo ler a sua mente.
– O que? – perguntei assustada. Ta que eu sabia que
meu cérebro tinha algum defeito, não era a toa que eu arrumava tanto problema,
mas chegar ao ponto de um vampiro não ser capaz de ler a minha mente era
absurdo demais – Por quê?
– Eu realmente não sei... – respondeu, mas de novo
eu sentia que ele mentia o que era uma bobagem, afinal porque ele mentiria
sobre isso?
– Seria... Algum problema com a minha cabeça? –
perguntei tentando não demonstrar o quanto aquilo me perturbava.
– Com certeza não – respondeu sorrindo. Depois
disso ficamos em silencio. Eu não conseguia encará-lo, então só olhava para
baixo, mexendo na grama molhada abaixo de nós.
– Quando isso começou? – perguntei quebrando o
silencio que reinava naquela clareira.
– Isso? – perguntou confuso.
– Você... Se transformando em... Vampiro – falei
depois de gaguejar.
– Oh... Faz muito tempo, provavelmente você não
gostaria de ouvir a história - falou e eu vi que ele realmente não se sentia a
vontade com aquilo, mas eu não ia desistir assim tão fácil, era a minha vez de
saber de toda a história.
– Eu quero – falei com convicção lhe encarando. Ele
olhou um tempo para mim, parecendo confuso, antes de dar um sorriso fraco.
– Foi em 1632... – começou e minha boca se abriu em
um ó enorme ao fazer a conta mentalmente e constatar que ele tinha quase 380
anos, ele riu ao ver a minha cara – Sou velho, hein?
– Como é possível? Você tem aparência de 17...
– Quando você se transforma em um... Imortal... –
falou e eu senti que ele não gostava muito do termo “vampiro” – Você paralisa
naquele estado em você se encontra, sem regredi ou avançar... Quando fui
transformado eu tinha 17, por isso continuou assim até hoje.
– Por quem você foi transformado? – perguntei e ele
protelou antes de responder. Era visível que ele não queria que eu tivesse
perguntado aquilo.
– Você diz que eu não sou um monstro Bella, mas eu
já fiz coisas muito cruéis... – falou e respirou fundo antes de continuar – Eu
me juntei aos Cullens há pouco tempo, antes deles eu vivia com outro clã... Os
Volturi – meu corpo se arrepiou ao pronunciar desse nome, um aviso claro que
eles não eram boa coisa – Os Volturi são uma das raças de vampiros mais
antigas do mundo, ou se você preferir, um dos primeiros a serem criados... Aro
é o líder deles e foi ele que me transformou... – ele parou franzido o cenho –
Eu não me lembro muito bem quando e como ele me transformou, só lembro que era
uma noite escura e molhada, e a dor da mordida era insuportável.
– Você só precisa ser mordido para...
Transforma-se?
– Sim, mas... – parou parecendo pensar em uma forma
melhor de se expressar – Se você só sugar o sangue humano, sem morde, a
saliva quando entrar em contato com o sangue vai lhe proporcionar um prazer
quase inimaginável.
– Você já... Sentiu esse prazer? – perguntei
corando ao falar aquilo.
– Não... – falou rindo delicadamente, mas logo
ficando sério – Mas já... O proporcionei.
– Como?
– Eu disse que fiz coisas horríveis... – falou
dando um sorriso cruel, que mesmo eu não querendo admitir me deu medo – Eu era
jovem e não sabia que havia outra forma de vida que não fosse se alimentar do
sangue humano e minha... “Família” me incentivava a fazer isso.
– Isso o que? – perguntei temerosa, já imaginando o
que seria.
– Dormi com mulheres enquanto eu me alimentava
delas... – falou e eu senti meu coração aperta com isso. É claro que eu
imaginava que provavelmente ele já teve muitas mulheres, mas saber disso pela
sua própria boca ainda me causava um ciúmes um tanto repentino – A obedecer às
ordens de Aro...
– Que ordens?
– Matar aqueles que, segundo ele, não iam de acordo
com as leis dos Volturi...
– Você... – comecei me forçando a continuar a falar
– Ainda se alimenta de sangue... Humano?
– Não, depois que eu larguei os Volturi e encontrei
os Cullens, nunca mais senti o gosto do sangue humano, agora só me alimento
sangue animal... – falou e eu suspirei ao saber disso. Era bom saber que pelo
menos neles eu podia confiar... – Não fiquei aliviada de saber disso Bella,
mesmo assim eu ainda sou um monstro.
– Eu já disse que você não é! – falei começando a
me estressar por ele ficar dizendo aquilo.
– Por que você insisti em dizer isso? – perguntou.
...*... Link Alternativo ...*...
– Porque eu jamais me apaixonaria por um monstro
Edward – finalmente disse o que estava entalado em minha garganta. Abaixei os
olhos, não tendo coragem de encará-lo.
– Bella... – começou, mas eu o interrompi.
– Se você for dizer que não vai dar certo é melhor
nem dizer nada.
– Mas não vai dar Bella... – sussurrou e colocou um
dedo em meu queixo, erguendo o meu rosto. Tremi ao senti o seu toque frio –
Somos como Sol e Lua Bella, um não pode existir no mundo do outro.
– Isso é uma forma delicada de se dar um fora? –
perguntei tentando controlar as lágrimas de rolarem.
– Não... – respondeu sorrindo antes de aproximar seu
rosto do meu, ficando a centímetros de distancia – Essa é a forma de dizer que
eu também estou apaixonado por você.
Sabe quando seu mundo parece de pernas pro ar e
você se sente um grão de areia no meio de milhões de montanhas e que umas
simples palavras são capazes de fazer você virar a montanha e o seu
mundo se ajeitar? Era exatamente assim que eu me sentia.
Por muito tempo eu convivi com a solidão, mesmo
tendo pessoas que me amavam ao meu lado, tem dores que só conseguimos superar
sozinhos, pois nem sempre um abraço ou palavras de conforto ajudam. Eu era
grata por ter Kate ao meu lado, mas tanto eu quanto ela sabíamos que a morte de
meus pais seria sempre uma sombra que me acompanharia a cada momento. Nós duas
sabíamos que às vezes, a tristeza, a dor e a perda só são superadas com o
surgimento de novas pessoas, pessoas que fazem seu coração bater mais rápido,
que lhe fazem acreditar que sim, o primeiro beijo pode ser eterno, que o
primeiro amor não é só uma lembrança, mas sim a comprovação que o amor verdadeiro
existe e que ele sempre vai estar ao seu lado, segurando a sua mão ao cair,
beijando seus lábios nos momentos mais íntimos e lhe abraçando em um simples
sinal de carinho. E era assim que eu me sentia com aquelas simples palavras
pronunciadas por Edward.
Eu não me importava que ele fosse diferente de mim,
pois as diferenças servem exatamente para isso, para serem superadas, para
mostrar que o amor é maior que tudo e eu sentia que o meu amor por Edward era
maior que tudo, que era grande o suficiente para eu amar o que ele foi, o que
ele é e o que ele será. Por isso eu jamais seria capaz de me arrepender do que
eu fiz a seguir... Joguei meus braços ao redor de seu pescoço frio e duro e lhe
abracei com toda força, tentando a todo custo demonstrar com aquela ação que eu
não me importava com que ele era, que a única coisa que eu queria era ficar com
ele.
– Eu não me importo com nada Edward... – sussurrei
ainda com os braços ao seu redor – Eu só me importo é de não ter você, de não
poder conversar e tocar você... Eu só quero tê-lo ao meu lado... – Edward só
foi me abraçar de volta quando eu acabei de professar essas palavras. E qual é
a sensação de ter seu amado lhe abraçando? Bom, além de ser uma sensação
extremamente nova para mim, era também muito prazerosa. Era incrivelmente
delicioso ter seu corpo másculo contra o meu, mas não de uma forma maliciosa,
mas sim a demonstração de afeto que foi conquistado pouco a pouco.
– Acho melhor irmos... – sussurrou Edward contra o
meu cabelo, eu só fiz balançar a cabeça em afirmação.
A volta foi tão silenciosa quanto vinda, mas dessa
vez não era aquele silencio constrangedor, mas sim o silencio de quem
simplesmente apreciava a presença um do outro. Sorri pensando que tanta coisa
aconteceu em um só dia: descobri que o cara que eu gostava era um vampiro; que
o cara que tentou me matar também era um vampiro; que o cara que eu
gostava também gostava de mim e que esse mesmo cara tinha o poder de ler
a mente, mas não lia a minha por um motivo que ainda era desconhecido por mim.
Ou seja, minha vida tinha dado uma volta de 180º em menos de algumas horas.
– Por que o sorriso? – perguntou quando começamos a
entrar nos arredores de Forks.
– É só que é tanta coisa, entende? - expliquei –
Tudo muda tão rápido, que às vezes... Tenho medo de na acompanhar essas
mudanças.
– Como assim?
– Digamos que eu não esperava me apaixonar por um
vampiro – falei corando absurdamente ao falar aquilo em voz alta novamente.
Depois que eu disse isso ele ficou em silencio, e percebi que tinha falado o que
não devia. E foi pensando no porque de ele não gostar que eu fale isso que
chegamos a minha casa. Estranhei o fato de ver o carro de Kate na garagem. Será
que tínhamos ficado lá tanto tempo assim?
– Eu posso fazer uma pergunta? – falei lhe olhando.
– Pode fazer...
– O que nós somos? – perguntei torcendo para que
ele tirasse essa duvida – Amigos?
– Humm... – fez levantando o olhar e parecendo
pensar – Acho que... Podemos dizer que somos mais do que amigos...
– Sério? – perguntei não acreditando no que ouvia e
forçando o meu coração a parar de bater acelerado.
– Sim... – respondeu sorrindo delicadamente.
– Ok – foi a única coisa que eu consegui responder
– Bom, acho que eu já vou...
– Tudo bem, mas tarde eu trago o seu carro – falou
e eu assenti lhe dando a chave de meu carro.
– Boa noite – falei me preparando para sair do
carro, mas ele falou...
– Bella?
– Sim? – perguntei me virando para ele e me
surpreendendo com o seu rosto tão próximo ao meu. Arfei ao vê-lo tão próximo.
– Boa noite – falou e me deu um beijo no rosto. Não
tenho que dizer que quase desmaiei com isso, certo? Saí do carro aos tropeços,
ainda pasma com o seu beijo. Seus lábios eram frios e duros, mas tão lisos que
pareciam cetim.
É, não dava mais para negar... Eu estava mais do
que só apaixonada por Edward Cullen.
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Aquele dia se passou extremamente rápido, quando eu
menos vi, já era outro dia. E esse mesmo dia também se passou rápido. Apesar de
eu alimentar uma pequena esperança, Edward não veio me buscar em casa de manhã,
não que eu me importasse, mas seria interessante se ele fizesse isso. Agora eu
estava no final da ultima aula, foi um dia cheio, apesar de ele não ter ido me
buscar, no momento em que eu pus os pés na escola ele já veio para o meu lado. Não
preciso dizer que quase pulei de alegria com isso, certo? Eu passei o dia com o
coração quase saindo pela boca, cada vez que Edward me olhava ou falava comigo
era como se um redemoinho de emoções surgisse dentro de mim. Suspirei ao
lembrar como foi na hora do lanche. Sentamo-nos na mesma mesa de antes, todos
olhavam para a gente, mas Edward não parecia nem perceber, pois em nenhum
momento desgrudou os olhos de mim, o que me causou uma série de tons vermelhos
em meu rosto. E isso só aconteceu na hora do intervalo, porque antes de eu
entrar na sala de aula, ele me deu outro beijo no rosto. Praticamente desfaleci
com isso. Fui tirada dos meus pensamentos com a campa soando, informando mais
um fim de dia. Sorri ao imaginar que talvez ele estivesse me esperando do lado
de fora, mas meu sorriso morreu ao ver que na verdade quem me esperava não era
Edward, mas sim Damon.
Foi inevitável não tremer de medo ao ver Damon
encostado em um dos armários com aquele seu habitual sorriso sarcástico. Sabia
que não poderia evitá-lo para sempre, principalmente agora que eu já sabia de
tudo, mas mesmo assim ainda era difícil aceitar que eu teria que conversar com
a pessoa que tentou me matar. Olhei para o lado esquerdo, tentando enxerga
através dos alunos que ainda estavam saindo da sala e vi a única pessoa que me
dava segurança no momento. Edward estava em um canto afastado do corredor me
olhando diretamente, era visível que seu semblante não era de alguém feliz, mas
na verdade muito preocupado. Suspirei sabendo o motivo dessa preocupação.
Encostei-me na parede da escola cruzando os braços e pensando. Eu podia ficar
aqui e encarar Damon de frente, ou fugir como uma garotinha medrosa. E
infelizmente eu estava mais inclinada a fazer a segunda opção... Não! Gritei
mentalmente comigo mesma. Eu não fugiria, até porque quanto mais rápido eu
enfrentasse Damon, mas rápido eu me veria livre dele, por isso esperei que o
corredor estivesse parcialmente vazio e fui falar com ele.
– Isabella, mia cara, bella come sempre... – falou
com o seu típico sotaque italiano.
– Damon – falei me surpreendendo com a coragem em
minha voz – A gente precisa conversa.
– Estou todo a ouvidos – falou ainda sorrindo.
– Você deve ter percebido que eu já sei de tudo,
certo?...
– Será? – falou me interrompendo – Acredito que
você não saiba nem metade da história.
– O que você quer dizer com isso?
– Nada, só quero que saiba que não deve acreditar
em tudo que ouvi Isabella...
– Eu confio em Edward – falei convicta.
– Ah eu sei, mas será que ele é a pessoa certa para
você confiar? – perguntou feliz em saber que colocou uma duvida em minha
cabeça. Franzi o cenho ao lembrar-me da nossa conversa na clareira e da
estranha sensação de que ele estava mentindo para mim... Seria Edward capaz
de mentir para mim? Balancei a cabeça me negando a pensar naquilo. Edward
havia me contado a verdade sobre o que ele era, então não era meu direito
duvidar dele.
– Não é sobre isso que eu vim falar com você Damon
– consegui falar depois de um tempo.
– Então o que seria?
– Eu quero que você pare!
– Parar com o que?
– Pare de matar as pessoas – falei abaixando a voz
nessa hora, apesar de ter certeza que no corredor só se encontrava eu, Damon e
Edward, era melhor prevenir – Eu sei que foi você que matou Michelle.
– Como pode ter certeza? – perguntou sorrindo torto
e parecendo se diverti com aquilo.
– Porque eu conheço você Damon, sei que é diferente
dos Cullens.
– Ah isso você esta certa, eu sou mais do que só
diferente, eu sou superior a eles...
– Eu não me importo com isso – falei louca para
acabar com aquela conversa – Eu só quero que você pare... Eu não sei o porquê
de você esta aqui, mas se você vai ficar eu pediria que parasse.
– Relaxe Isabella, não matarei nenhum de seus
graciosos humanos... – falou sarcástico e aproximou o seu rosto do meu – Mas
não me responsabilize se mais um humano idiota entrar na floresta enquanto eu
caço – falou mandando uma indireta para mim.
– Entendi – falei respirando fundo e pouco nervosa
por sua proximidade.
– Addio Isabella – sussurrou e me deu um beijo na
bochecha esquerda e de maneira totalmente vergonhosa, tremi com o seu toque.
Fiquei um tempo parada, só encarando a parede em minha frente, até que senti um
vento frio ao meu lado e de repente Edward aparecendo em minha frente.
– Você esta bem? – perguntou preocupado.
– Sim – consegui responder depois de respirar fundo
– Ele vai parar, certo?
– Sim, como eu disse, ele gosta de você – falou e
eu senti uma raiva fervilhando em sua voz. Estaria ele com ciúmes? Não
pude deixar de sorri com esse pensamento.
– Esquece isso... – falei sorrindo docemente – Acho
melhor a gente ir, certo?
– Espera! – falou segurando meu braço. Praticamente
entrei em combustão ao sentir seu toque frio – Eu queria fazer uma coisa antes.
– O que? – perguntei voltando a ficar em sua
frente. Edward ficou me encarando um tempo, sua respiração parecia bem
descompensada, o que me fez imaginar que talvez ele estivesse nervoso, o que
era um absurdo, afinal, porque ele ficaria nervoso?
Essa minha pergunta foi respondida no momento em
que senti seus lábios frios grudados aos meus. Minha respiração pareceu ficar
presa em meus pulmões quando eu finalmente fui entender o que estava
acontecendo...
Deus! Eu estava beijando Edward Cullen.
.
.
.
“Ser profundamente amado por alguém nos dá força;
Amar alguém profundamente nos dá coragem para enfrentar um retorno ao passado,
mesmo que o futuro seja algo desconhecido e inexato”
.
.
.
Jack Savoretti Ft. Sienna Mille – Hate &
Love (tradução)
Ódio e
Amor
Você diz
que nós somos diferentes
Eu sinto
o mesmo
Você me
diz que está indo embora
Eu estou
aqui para ficar
Sol e
chuva
Faça uma
coisa linda
Minha
força é a sua fraqueza
Meu
coração é meu
Seus
sprays de voz e meu silêncio
Então,
nós estamos sozinhos
Sol e
chuva
Faça uma
coisa bonita (Ohhh..)
Tudo o
que você é, é tudo que eu não sou
Noite e
dia, luz e escuridão
Tudo o
que eu preciso é tudo o que eu já tenho
Tudo o
seu ódio e todo o seu amor
Sol e
chuva
Faça uma
coisa bonita (Ohhh..)
Tudo o
que você é, é tudo que eu não sou
Noite e
dia, luz e escuridão
Tudo o
que eu preciso é tudo o que eu já tenho
Tudo o
seu ódio e todo o seu amor
Sol e
chuva
Faça uma
coisa linda
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